quarta-feira, 18 de novembro de 2009

O Dificil Ato de Escrever ?


A folha em branco à frente e a dúvida de como começar a escrever o texto. Os olhos cercam o tema escolhido, tentando imaginar algo para, então, desenvolver, mas nada surge. O tempo passa e, ainda não se sabe por onde começar. As mãos deslizam na caneta por conta do nervosismo. Será que vai dar tempo? As perguntas rodeiam o escrevente até a primeira palavra ser colocada no papel.
          Situações semelhantes a essa são frequentes entre os alunos. A dificuldade em produzir um texto está relacionada às “deficiências” no processo de coesão textual. Diferentemente da língua falada, à qual já está internalizada na mente do falante, a língua escrita passa a ser mais difícil. Isso ocorre a partir do momento em que se percebe que essa modalidade da linguagem é regida por regras gramaticais que nem sempre são usadas no processo de comunicação oral.
Os alunos, apesar de passarem tanto tempo estudando português na escola, ao término dos 12 anos escolares, não conseguem aplicar tudo que lhes foi “transferido”. Será que o ensino do português não foi eficaz? Talvez o ensino tenha sido voltado apenas para uma variação, não dando subsídios ao aluno para uma possível contextualização do assunto abordado. Faltou dizer aos alunos que dominar a gramática, por exemplo, nem sempre significa estar apto a escrever um bom texto.
Tudo o que resta é tentar, pois escrever pode ser uma tarefa fácil para qualquer pessoa, mas exige empenho, interesse e habilidade para tanto. E para isso acontecer exige-se a prática. Precisa-se compreender que ensinar, ou praticar a língua portuguesa, requer não apenas uma visão de aspectos linguísticos, mas também uma larga abordagem histórico-cultural.

Esse Texto é uma contribuição de Fernanda Machado Acadêmica do Curso de Letras - Unama. Membro do Oráculo Paraense. Texto Originalmente publicado em COMUNICADO Nº1535 Universidade da Amazônia - UNAMA, p. 07,  11 Nov. 2009.
 






quarta-feira, 4 de novembro de 2009

A Importancia de Dalcidio Jurandir nas Ciências Sociais


Entre minhas experiências acadêmicas tive a grande honra de ter sido aluno do Dr. Paulo Nunes apaixonado pela literatura, detentor de uma criticidade tão próxima das ciências sociais e ao mesmo tempo tão profundamente literária. Ate então não fazia a mínima idéia de quem seria Dalcídio Jurandir ou seu ciclo do extremo norte, passo a passo pude ver que Dalcídio Jurandir não era somente um escritor amazônida mais sim um grande critico a seu tempo, seus livros denunciam dês as desigualdades sociais ate a burguesia de fachada como podemos ver no Livro Belém do Grão Pará.
Dalcídio consegue ser critico sem ser panfletário, consegue ser sutil e ao mesmo tempo ter o brado forte de um amazônida que não queria calar-se as injustiças sociais e a ideologia literária da época.
As obras de Dalcídio foram chamadas de Ciclo do Extremo Norte, os quais podemos ver abaixo:

Chove nos Campos de Cachoeira (1941)
Marajó (1947)
Três Casas e um Rio (1958)
Belém do Grão Pará (1960)
Passagem dos Inocentes (1963)
Primeira Manhã (1968)
Ponte do Galo (1971)
Os Habitantes (1976)
Chão dos Lobos (1976)
Ribanceira (1978)

Portanto, Dalcídio Jurandir e um autor fantástico, indispensável não somente para quem é apaixonado por literatura, mais quem tem um senso comum apurado de modo a questionar regras impostas socialmente que nos calam no dia a dia e nos tolhem em cada uma de nossas ações, e é ai que nos podemos aprender com Dalcídio uma vez que ele não se calou frente ao poder coercitivo presente em seu contexto histórico. 
Todo meu romance distribuído, provavelmente, em dez volumes, é feito, da maior parte, da gente mais comum, tão ninguém, que é a minha criatura da grande de Marajó, Ilhas e Baixo Amazonas.Fui menino de beira de rio, do meio do campo, banhista de igarapé. Passei a juventude no subúrbio de Belém, entre amigos, nunca intelectuais, nos salões da melhor linhagem que são os clubinhos de gente da estiva e das oficinas, das doces e brabinhas namoradas que trabalhavam na fábrica.  Um bom intelectual de cátedra alta diria:  são as minhas essências, as minhas virtualidades.  Eu digo tão simplesmente:  é a farinha d’agua dos meus bijus (sic).  Sou um também daqueles de lá, sempre fiz questão de não arredar pé de minha origem e para isso, ou melhor, para enterrar o pé mais fundo, pude encontrar uma filiação ideológica que me dá razão.  A esse pessoal miúdo que tento representar nos meus romances chamo de aristocracia de pé no chão.
                                                             (Folha do Norte, 23 de outubro de 1960).


Esse Texto é uma contribuição de Antônio Maia Acadêmico do Curso de Ciências Sociais - Unama.
Membro do Oráculo Paraense.






Versão em Ingles


Between my academic experiences I had the great honor to have been a pupil of Dr. Paulo Nunes in love with the literature, holder of a criticidade so near of the social sciences and at the same time so deeply literary. Up to that time it was not doing whose least idea would be a Dalcídio Jurandir or his cycle of the Northern extreme, step by step I could see which Dalcídio Jurandir was not only a writer amazônida any more yes a great critic at his time, his books denounce that you give the social unequalities tie the bourgeoisie of front as we can see in the Book Belém do Grão Pará.
Dalcídio manages to be a critic without being a pamphleteer, manages to be subtle and to the same time to have the strong shout of an amazônida that did not want to conceal the social injustices and the literary ideology of the time.
The works of Dalcídio were called of Cycle of the Northern Extreme, which we can see down:

Chove nos Campos de Cachoeira (1941)

Marajó (1947)

Três Casas e um Rio (1958)

Belém do Grão Pará (1960)

Passagem dos Inocentes (1963)

Primeira Manhã (1968)

Ponte do Galo (1971)

Os Habitantes (1976)

Chão dos Lobos (1976)

Ribanceira (1978)

So, Dalcídio Jurandir and a fantastic, essential author not only for the one who is in love with literature, more who has a common refined sense of way to question rules when what silence us in day by day and impede us in each one of our actions were imposed socially, and is oh that we can learn ourselves with Dalcídio as soon as he was not silent in front of the power coercitivo presently in his historical context.



All my distributed novel, probably, in ten volumes, there is done, on most, of the commonest people, so nobody, who is my creature of the great one of Marajó, Islands and Low Amazon. I was a boy of bank of river, of the way of the field, bather of narrow riverbank. I passed the youth in the suburb of Belém, between friends, never intellectuals, in the halls of the best lineage that are the clubinhos of people of the stowage and of the workshops, of sweets and brabinhas girlfriends who were working in the factory. A good intellectual of high chair would say: they are my essences, my virtualidades I say so simply: it is the flour d'agua of my bijus (sic). I am one also of that of there, I always asked question not to move of my origin and for that, or better, to bury the most deep foot, could find an ideological affiliation that gives me reason. To this small people whom I try to represent in my novels I call of aristocracy of foot in the ground.

                                                             (Folha do Norte, 23 of October of 1960).


terça-feira, 20 de outubro de 2009

A Historia do Bonde em Belém de 1868 a 1947

A primeira empresa de bondes na capital paraense foi organizada em 1868 pelo cônsul dos Estados Unidos em Belém, o industrial James Bond. Por isso, historiadores locais afirmam que o nome dele foi a origem da palavra "bond", aportuguesada como "bonde", para designar tais veículos.



A linha de bondes a vapor de Belém, uma das primeiras no Brasil, ligando o Largo da Sé ao Largo do Nazaré, foi inaugurada em 1/9/1869, com bitola de 1.435 mm, usando três locomotivas e dois carros de passageiros, segundo relata o pesquisador estadunidense Allen Morrison.


 Mapa Ferroviario de Belem

Bond vendeu seu sistema em 1870 a Manoel Bueno, que formou a Companhia Urbana de Estrada de Ferro Paraense, e no mesmo ano a Companhia de Bonds Paraense inaugurou sua primeira linha de bondes com tração animal, em bitola de 750 mm. Em 1883 já existiam 30 km de linhas, entre bondes a vapor ou com tração animal.



A Companhia Urbana assumiu todo o sistema em 1894 e contratou a Siemens & Halske, de Berlim (Alemanha), para instalar a iluminação pública e um sistema de bondes elétricos. Mas os alemães só fizeram a primeira parte.



A Pará Electric Railways and Lighting Company, registrada em Londres em 25/7/1905, comprou a Companhia Urbana e encomendou à também inglesa J. G. White & Co., de Londres, a instalação do sistema de bondes elétricos. Seus trabalhos começaram em 15/8/1906 e exatamente um ano depois foi inaugurada a operação na então Avenida São Jerônimo (hoje Avenida José Malcher). O uso de bondes com tração animal terminou em 21/7/1908, sendo os veículos vendidos para Natal/RN.



O sistema de bondes elétricos de Belém permaneceu britânico em toda a sua existência, inclusive observando regulamentos rígidos, como o de que um veículo de primeira classe não poderia parar para um passageiro vestido inapropriadamente ou de forma incompleta. Um exemplo basico da divisão social, em classes economicas.



Mas, ao contrário dos veículos de Manaus, os bondes elétricos em Belém trafegaram sempre pelo lado direito, nas vias de mão dupla.



Em 1940, vinte bondes fechados foram adquiridos em segunda-mão de Cardiff (em Wales, na Grã-Bretanha). Eles eram os únicos que um visitante encontraria rodando em Belém em 1946. O sistema de bondes dessa cidade paraense foi o primeiro grande sistema brasileiro a fechar, o que ocorreu por razões financeiras, em 27/4/1947.

O Bonde nos Dias de Hoje





Uma chegada muito esperada, o Bonde chegando no porto.




O Projeto do Bonde de Belém está totalmente concluído, ou em partes, o atual prefeito retirou das ruas a fiação elétrica que daria vida ao Bonde. Uma rixa entre o antigo e o atual prefeito encalhou um belo e pronto projeto, até hoje o bandinho raramente sai da sua garagem.




O Bonde foi restaurado em Santos e trazido a Belém. Circularia no entorno do centro histórico de Belém nos feriados e fins de semana.




Contudo, atualmente o Bonde faz periodicas voltas no centro historico de Belém, infelizmente esses passeios são muito raros. Abaixo a estação do bonde.




Esse Texto é uma contribuição de Antônio Maia Acadêmico do Curso de Ciências Sociais - Unama.
Membro do Oráculo Paraense.


quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Trabalho e Valores na Cultura Ribeirinha da Ilha do Combu

Um colega me pediu que escrevesse algo sobre os ribeirinhos e a cultura agregada a estas comunidades, lendo um artigo do jornal “Beira do Rio” me chamou atenção este título “Moradores de Belém, mas quase invisíveis”, referindo-se a pesquisas realizadas na ilha do Combu, mudando um pouco o enfoque que meu colega pretendia dar a esse texto decidi dedicar-me as condições de trabalho ligadas a construção de identidade destes moradores desconhecidos de Belém.



Segundo a pedagoga Jacqueline Serra Freire ainda existem poucos estudos referentes ao dia-a-dia dos ribeirinhos da ilha do Combu, principalmente no que diz respeito à construção de identidade sob a análise das dimensões sócio-cultural, educacional, econômica e afetiva nas quais essa comunidade esta inserida. Os ribeirinhos apesar de possuírem pouco destaque nas estatísticas oficiais representam segundo a mesma, 65,64% do cenário populacional de Belém, sendo das 39 ilhas somente duas reconhecidas como urbanas (Mosqueiro e Caratateua*).



Algumas reportagens mencionam o Combu como ilha referência na extração de açaí, e apesar disso na região da ilha conhecida como região do igarapé (região interna da ilha) 5% das famílias por mês arrecadam menos de um salário mínimo, este índice sobe para 50% à medida que vamos nos aproximando das margens do rio. Além disso, as condições cotidianas tornam o trabalho do ribeirinho pouco diversificado, as meninas, por exemplo, dedicam-se ao serviço domestico raras vezes envolvendo-se na extração de açaí ou qualquer outro produto cultivado diferente dos meninos que na região dos igarapés dedicam-se a extração desses bens de consumo e, no caso dos meninos nas proximidades do rio resta quase que exclusivamente trabalhar na coleta de palmito, cacau ou açaí como contratados daqueles que possuem terrenos produtivos.



Estes moradores se inserem também no setor de serviços, podendo ser público ou privado (desde agentes comunitários a construtores e “alugadores” de embarcações) além de, por conta da proximidade de Belém, buscar o complemento de sua renda através de empregos como domésticas ou ajudantes de pedreiros.



Além de emprego, na cidade de Belém estes moradores buscam melhor qualificação em termos de escolaridade, visando sempre à melhora na condição de vida, essa observação faz-se interessante na medida em que, como retrata na reportagem Jaqueline Serra Freire, o enraizamento da cultura ribeirinha é uma das marcas, mas identitárias principalmente em meio aos jovens. Jaqueline exemplifica mostrando a expectativa deste jovem em permanecer na ilha como morador, ou da utilização deste conhecimento adquirido em prol da comunidade ao qual se identifica e mostra que estes vínculos afetivos tornam até os desejos de consumo destes indivíduos de uso coletivo.


Em essência, portanto, podemos perceber que os valores dos moradores das ilhas ao entorno de Belém referente à educação, trabalho e família além das suas condições de trabalho diferem dos valores e práticas cultivados pela maioria da população efetiva da cidade de Belém, muito embora aja influência direta.

Esse Texto é uma contribuição de Brissa Oliveira Acadêmica do Curso de Ciências Sociais - Unama.
Membro do Oráculo Paraense.